sexta-feira, 10 de julho de 2009

TELEVISÃO

Quem não se lembra de Sandra Bréa fazendo o gênero “pantera” naqueles shows humorísticos da Globo, uns sete ou oito anos atrás? Collant de oncinha, maquilagem carregadíssima, cabelos ouriçados, toda caras e bocas – o símbolo sexual dos anos 70. Vista com olhos de hoje, ela pareceria mais um travesti. Mas na época – e não faz tanto tempo assim – Sandra Breá era considerada a mulher mais sensual do Brasil. O que será que aconteceu neste espaço de tempo? O que mudou? Será que foi só um gênero que saiu de moda?

Entre muitas outras coisas, mudou a sociedade, mudou a condição da mulher na sociedade e começou a mudar a imagem da mulher na televisão. A própria Sandra Breá não é a mesma.

A mulher sensual não é mais aquela caricatura de mulher, aquele exagero, aquela overdose de sensualidade, tudo levado muito a sério. Hoje, a sensualidade da mulher nos meios de comunicação de massa recebe dois tipos diferentes de tratamento: ou se considera como sensual a mulher mais esportiva, mais livre, de cabelos molhados e porte atlético, bem no estilo clean, ou a mulher que assume, usa e leva no deboche todos os artifícios exteriores da sensualidade. Exatamente como faz Madonna nos seus videoclips, ou mesmo a nossa inesquecível Porcina da Silva, personagem de Dias Gomes que sintetizou esse deboche ao artificial, inspirado, ao mesmo tempo, uma grande ternura. Até Claudia Raia, que ainda persegue alinha “pantera”, não hesitou em rir do gênero – e de si mesma – ao interpretar a lancinante Rainha do Frango Assado. O supra-sumo da sensualidade expressa através do “mau gosto”, no programa Retrospectiva 85, da Rede Globo. A verdade é que já não se fazem mais mitos sexuais como antigamente.

O que encanta nisso tudo é justamente a quebra de padrões rígidos demais para definir a sensualidade. Há mais descontração, critica, humor em relação aos padrões rígidos. Enfim, conseguimos relaxar. E, quando sexo e humor andam juntos, é porque começamos a exorcizar os nossos fantasmas. Graças a Deus. (Revista Claudia – Março`86)

Um comentário:

No Caso disse...

lendo essas coisas é que eu me pergunto: gente, aconteceu alguma coisa depois dos anos 80?